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quarta-feira, 23 de janeiro de 2019

QUANDO SEU COMPANHEIRO É O VIOLENTADOR



A Organização Mundial de Saúde (OMS) estima que 16% das mulheres brasileiras sofrem estupro marital
A cultura do estupro é tão forte que não faltam mulheres com histórias tristes em que o agressor é seu próprio companheiro. Mas como prevê o Código Penal qualquer contato sexual sem consentimento é crime, inclusive os praticamos pelo namorado ou marido.
“Sempre achei que meu dever de esposa era ceder às vontades do meu marido e que o que ele fazia era direito dele. Meus familiares diziam isso. É muito duro reconhecer isso, saber que essa violência também acontece dentro de casa”, relatou Maria, 35 anos, em depoimento à polícia.
Estimativa da Organização Mundial de Saúde (OMS) aponta que 16% das mulheres brasileiras já foram estupradas por seus companheiros.
A juíza Hermínia Azoury, engajada na luta contra a violência contra a mulher, conhece bem essa realidade. “Elas não dão a nomenclatura. Elas não identificam. Mas elas sabem que elas sofrem”, explica a titular da 9ª Vara Criminal de Vila Velha e Coordenadora Estadual de Enfrentamento à Violência Doméstica do Tribunal de Justiça do Espírito Santo (TJES).
A questão cultural da mulher como posse de alguém é tão forte que não é incomum não se reconhecerem como vítimas de estupro. “Tenho muitas pacientes que são forçadas a fazer sexo com alguém que acha que ela tem obrigação de satisfazer esse alguém. Se ela não quis, é um estupro”, afirma Getúlio Souza, do Programa de Atendimento às Vítimas de Violência Sexual (Pavivis), em Vitória.
Hermínia Azoury observa que, entre tantas vítimas que já atendeu, está presente uma dependência afetiva do companheiro. “Muitas delas têm essa dependência afetiva e econômica. Uma me disse uma vez que não saía porque tinha medo de perder os filhos. Elas morrem pelos filhos”, relata a juíza.
Mas ela afirma que esse tipo de brutalidade atinge mulheres de todas as condições financeiras: “Violência doméstica não escolhe classe social”.
Entre as formas de combater esse tipo de violência, ela cita políticas publicas de conscientização. Assim, quem sabe essa escala de violência possa ser interrompida e homens deixem de tratar suas companheiras com violência e mulheres consigam seguir o exemplo de Maria. “Depois de muito sofrimento, resolvi dar um basta. Não quero mais viver essa vida. Saí da cidade onde morava e vim morar em outro lugar, na tentativa de voltar a ser feliz.”
fonte: https://especiais.gazetaonline.com.br/violenciasexual/
imagem: https://formacao.cancaonova.com/series/relacionamentos-abusivos-series/violencia-emocional-voce-sabe-o-que-e/

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